A boca fala daquilo que o coração está cheio

A boca fala daquilo que o coração está cheio” (Lc 6,45).

Essa passagem sempre mexeu comigo. Ela revela muito mais do que um simples ditado bíblico — é um espelho da nossa alma. O que sai da nossa boca é reflexo direto do que temos alimentado dentro de nós. E, sinceramente, isso me faz olhar para dentro todos os dias.

Sou parte da Renovação Carismática Católica em Itapetininga, onde participo ativamente do Grupo de Oração. Ali, semana após semana, somos convidados a mergulhar mais fundo no Espírito Santo, a deixar que Ele nos transforme, cure nossas feridas, renove nossas forças e purifique o nosso interior. E é aí que tudo começa: no coração.

O que tenho alimentado no meu coração?

Vivemos tempos intensos. A política do nosso país tem mexido com as emoções de muitos — inclusive as minhas. É fácil cair na armadilha da indignação sem esperança, do discurso inflamado, da crítica sem propósito. Mas tenho aprendido, na oração e na convivência fraterna, que o verdadeiro cristão é chamado a ser instrumento de justiça e fé, mesmo quando tudo parece desmoronar ao redor.

E como é possível isso? Só com um coração cheio de Deus.

Quando nosso coração está cheio do Espírito Santo, nossas palavras não destroem — elas constroem. Não espalham medo — semeiam fé. Não atacam — curam. Isso não significa que nos calamos diante da injustiça. Pelo contrário, significa que falamos com sabedoria, com coragem e com amor, como Jesus faria. A nossa voz se torna profética, mas nunca violenta.

Família: onde tudo começa

Vejo na minha família o primeiro campo de missão. É ali que meu coração é moldado dia após dia. Os momentos de partilha, de oração, de escuta e até os conflitos me mostram quem eu sou de verdade e no que ainda preciso ser transformado. Se na minha casa eu não consigo expressar fé, amor e perdão, como posso falar deles publicamente?

Nos nossos Grupos de Oração aqui em Itapetininga, sempre dizemos: não adianta ter palavras bonitas se elas não forem reflexo de uma vida coerente com o Evangelho. E isso é um grande desafio! Porque somos falhos, humanos, e às vezes deixamos que a raiva, o medo ou a insegurança encham o nosso coração. Mas é justamente por isso que precisamos buscar a presença de Deus com constância.

Renovar o coração todos os dias

A Renovação Carismática Católica me ensina a não me conformar com um coração morno, indiferente. Em cada oração, clamo por um coração novo, capaz de amar como Jesus amou, de perdoar como Ele perdoou, de anunciar a verdade sem ferir. E quando o coração está cheio da presença de Deus, a boca naturalmente o revela — em casa, no trabalho, nas conversas do dia a dia e até nos debates sobre política.

Por isso, termino esta reflexão com uma pergunta que faço a mim mesmo constantemente: O que tenho permitido encher o meu coração?

Que a nossa resposta a essa pergunta nos leve cada vez mais para perto de Deus. E que as nossas palavras, carregadas de fé, esperança e amor, sejam sinais vivos do Cristo que habita em nós.

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