A homossexualidade é uma realidade humana presente em diferentes culturas e períodos históricos. Sua compreensão varia conforme a ótica adotada — religiosa, científica ou jurídica. A doutrina da Igreja Católica distingue entre a inclinação homossexual e os atos homossexuais.
Segundo o Catecismo da Igreja Católica (§2357), os atos homossexuais são considerados "intrinsecamente desordenados" por não estarem abertos à vida nem à complementaridade entre homem e mulher, sendo, portanto, moralmente inaceitáveis. No entanto, o mesmo Catecismo afirma (§2358) que as pessoas com tendência homossexual "devem ser acolhidas com respeito, compaixão e delicadeza", e qualquer discriminação injusta deve ser evitada. Essa abordagem foi reafirmada pelo Papa Francisco, que tem adotado um tom mais pastoral e acolhedor, como quando declarou:
As pessoas homossexuais têm o direito de estar em uma família. São filhos de Deus. (documentário “Francesco”, 2020).
Em 2023, o Vaticano autorizou a bênção pastoral a casais homoafetivos (sem confundir com o sacramento do matrimônio) no documento Fiducia Supplicans, enfatizando que tais bênçãos expressam misericórdia, não aprovação moral dos atos.
No campo científico, a homossexualidade é entendida como uma variação natural da sexualidade humana. A Associação Americana de Psiquiatria (APA) retirou a homossexualidade da lista de distúrbios mentais em 1973, e a Organização Mundial da Saúde (OMS) fez o mesmo em 1990. A APA afirma que a orientação sexual não é uma escolha e que “terapias de conversão” são ineficazes e danosas. A psicologia e outras áreas reconhecem que a discriminação e o estigma são os principais fatores de sofrimento entre pessoas LGBTQIA+, e não a orientação em si. Embora não exista um “gene gay”, estudos indicam que fatores genéticos, hormonais e ambientais contribuem para o desenvolvimento da orientação sexual.
No aspecto jurídico, o Brasil tem avançado em termos de reconhecimento e proteção dos direitos da população LGBTQIA+. A união estável homoafetiva foi reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal em 2011, e o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo foi autorizado pelo Conselho Nacional de Justiça em 2013. Além disso, o STF decidiu em 2019 que a homofobia e a transfobia devem ser enquadradas na Lei do Racismo (Lei 7.716/89), criminalizando atos de discriminação. Casais homoafetivos também têm direito à adoção, com igualdade de condições em relação a casais heterossexuais.
No plano internacional, mais de 30 países reconhecem o casamento entre pessoas do mesmo sexo, mas ainda há mais de 60 nações onde relações homoafetivas são criminalizadas, algumas com penas severas. Assim, a homossexualidade é tratada de forma distinta pela fé, pela ciência e pelo direito.
A Igreja Católica mantém sua doutrina tradicional, mas propõe uma abordagem pastoral acolhedora; a ciência reconhece a homossexualidade como uma variação legítima da sexualidade; e o direito, em muitos países, avança no reconhecimento da igualdade de direitos. Tratar o tema com equilíbrio, informação e empatia é essencial para construir uma sociedade mais justa, inclusiva e respeitosa das diferenças.