Jesus Expulsando os Comerciantes do Templo: Um Ato de Zelo e Justiça

 

Um dos episódios mais intensos da vida pública de Jesus é, sem dúvida, quando Ele entra no templo de Jerusalém e expulsa os comerciantes e cambistas. Esse ato ousado e cheio de simbolismo revela muito sobre quem era Jesus, com quem Ele se relacionava e contra quem Ele se posicionava.

O Cenário: O Templo de Jerusalém

O templo era o centro da vida religiosa dos judeus. Localizado em Jerusalém, era considerado a morada de Deus na Terra e o lugar onde os fiéis vinham oferecer sacrifícios, especialmente durante festas como a Páscoa.

Contudo, com o passar do tempo, a área externa do templo, chamada de "átrio dos gentios", começou a ser usada como um mercado. Ali vendiam-se animais para os sacrifícios — bois, ovelhas, pombas — e os cambistas trocavam moedas estrangeiras pela moeda local exigida para o pagamento do tributo do templo.

Essa prática, que a princípio tinha um propósito prático, acabou se tornando corrupta, cheia de exploração e ganância. Foi nesse contexto que Jesus interveio.

O Ato Profético de Jesus

O episódio é relatado nos quatro evangelhos, com pequenas variações:

  • Mateus 21:12-13

"E entrou Jesus no templo de Deus, e expulsou todos os que vendiam e compravam no templo; e derrubou as mesas dos cambistas, e as cadeiras dos que vendiam pombas; e disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; mas vós a tendes convertido em covil de ladrões."

  • João 2:13-16 (neste evangelho, o episódio aparece no início do ministério de Jesus)

“Fez um chicote de cordas e expulsou todos do templo, bem como as ovelhas e bois; espalhou as moedas dos cambistas e virou suas mesas.”

O uso do chicote, a derrubada das mesas e a expulsão dos comerciantes não foram apenas gestos de indignação, mas um ato profético, semelhante aos dos antigos profetas do Antigo Testamento, que denunciavam a corrupção do culto e a hipocrisia religiosa.

Jesus citou duas passagens proféticas:

  • Isaías 56:7: “Minha casa será chamada casa de oração para todos os povos.”

  • Jeremias 7:11: “Será esta casa, que se chama pelo meu nome, um covil de ladrões aos vossos olhos?”

Quem Estava no Templo e Foi Expulso?

Foram expulsos:

  • Vendedores de animais para sacrifícios

  • Cambistas

Essas pessoas faziam parte de um sistema religioso corrompido que lucrava com a fé do povo. Os líderes religiosos — fariseus, saduceus e doutores da lei — muitas vezes estavam por trás ou se beneficiavam desse sistema.

Com Quem Jesus Se Dava Bem?

Curiosamente, Jesus não rejeitava os pecadores comuns, nem mesmo os publicanos (cobradores de impostos, considerados traidores do povo judeu por colaborarem com o Império Romano).

  • Mateus, o publicano, foi chamado por Jesus para ser um dos doze discípulos (Mateus 9:9).

  • Zaqueu, outro publicano, foi visitado por Jesus em sua casa (Lucas 19:1-10).

  • Ele comia com pecadores e prostitutas, o que escandalizava os religiosos da época (Mateus 9:10-13).

Jesus afirmava:

"Não vim chamar os justos, mas os pecadores ao arrependimento." (Lucas 5:32)

Ou seja, Jesus se aproximava de quem era rejeitado, marginalizado ou tido como impuro. Ele oferecia perdão, misericórdia e uma nova vida.

Quem Jesus Criticava e Acusava?

Se por um lado Jesus acolhia os pecadores, por outro Ele confrontava duramente os religiosos hipócritas, especialmente os fariseus e os mestres da lei.

Em Mateus 23, Jesus faz uma série de denúncias:

  • "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas!"

  • Acusava-os de se preocuparem com regras externas e negligenciarem "o mais importante da lei: a justiça, a misericórdia e a fé." (Mateus 23:23)

Eles eram os guardiões da religião, mas usavam sua posição para dominar e explorar. Por isso, Jesus os chamava de:

  • Sepulcros caiados (bonitos por fora, mas podres por dentro)

  • Guias cegos

  • Filhos do inferno

Foi justamente essa confrontação que acendeu a ira dos líderes religiosos, levando-os a tramar sua prisão e morte.

Conclusão: Um Jesus de Coragem, Justiça e Amor

O episódio da purificação do templo nos revela um Jesus que não era passivo diante da injustiça e da hipocrisia religiosa. Ele amava os pecadores, mas confrontava os corruptos do sistema religioso. Jesus defendia um culto puro, centrado em Deus, e não em lucros.

Seu zelo pela casa de Deus (João 2:17) o levou a desafiar poderosos e a ser visto como uma ameaça. Ao mesmo tempo, seu amor pelos marginalizados o tornava um amigo dos rejeitados.

A grande lição é que Jesus deseja comunhão verdadeira, sem hipocrisia, sem exploração. Ele ainda hoje purifica templos — e nossos corações — para que sejam realmente lugares de oração, justiça e misericórdia.

 

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