Juízo Particular e Juízo Universal segundo a Doutrina Católica

A Igreja ensina, com base nas Sagradas Escrituras e na Tradição viva, que todo ser humano comparecerá diante de Deus após a morte, passando por dois momentos distintos de julgamento: o juízo particular e o juízo universal.

O juízo particular acontece imediatamente após a morte de cada pessoa, quando sua alma é julgada por Cristo conforme suas obras e a disposição de seu coração em relação à graça de Deus (CIC 1021-1022).

A Carta aos Hebreus afirma: “Está determinado que os homens morram uma só vez e, em seguida, vem o julgamento” (Hb 9,27). Neste juízo pessoal, cada alma recebe sua recompensa ou castigo: o Céu, imediatamente ou após uma purificação no Purgatório, ou então a condenação eterna no inferno, caso tenha morrido em pecado mortal sem arrependimento (cf. CIC 1022). O próprio Cristo fala desse destino definitivo na parábola do rico e Lázaro (Lc 16,19-31), onde a sorte das almas já está selada após a morte.

O juízo universal, por sua vez, ocorrerá no fim dos tempos, na segunda vinda gloriosa de Cristo (Parusia), quando todos os mortos ressuscitarão, e seus corpos se reunirão às almas, para que o ser humano seja julgado em sua totalidade (CIC 1038-1041).

Este julgamento será público e solene, revelando a justiça e a misericórdia de Deus diante de toda a humanidade, e manifestando os frutos e consequências de cada ação humana, inclusive aquelas ocultas.

Jesus anunciou esse juízo final no Evangelho de Mateus: “Quando o Filho do Homem vier em sua glória, e todos os anjos com ele, então se assentará no trono de sua glória. Todas as nações serão reunidas diante dele, e ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos...” (Mt 25,31-46).

Este será um momento de verdade revelada, onde os justos brilharão como o sol no Reino do Pai (Mt 13,43), e os ímpios experimentarão a separação definitiva de Deus. O Catecismo ensina que, no juízo universal, “será revelado o sentido último de todas as obras e os desígnios misteriosos da providência” (CIC 1040), e que este juízo “confirmará a retribuição final de cada um recebida no juízo particular” (CIC 1038).

Ainda que os dois juízos sejam distintos em tempo e forma — um individual e imediato, outro coletivo e escatológico —, ambos se fundamentam na soberania de Cristo como Juiz dos vivos e dos mortos (At 10,42; 2Tm 4,1; CIC 679), e têm como finalidade última a glorificação de Deus, a manifestação plena da verdade e a consumação do Reino.

Assim, o fiel é chamado a viver em contínua vigilância, sabendo que será chamado a prestar contas de sua vida: “Todos nós devemos comparecer diante do tribunal de Cristo, para que cada um receba a recompensa segundo o que tiver feito, seja o bem, seja o mal” (2Cor 5,10).

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